VOCÊ TEM LIPEDEMA?

LIPEDEMA - O QUE É?

O lipedema é uma doença hereditária, inflamatória, predominantemente do sexo feminino, que tem por característica o acúmulo de gordura desproporcional, simétrica e dolorosa, principalmente nas pernas, mas podendo afetar também os braços. O lipedema é classificado pela Classificação Internacional de Doenças como CID 11 EF02.2

Acomete 12% das mulheres brasileiras, sendo comum afetar várias mulheres da mesma família.

Não é uma doença apenas da gordura. Afeta todo o tecido conjuntivo (tecido que dá sustentação para outros tecidos. Está presente na gordura, nas cartilagens, nos ossos, nas aponeuroses, tendões, ligamentos).

Tem relação com o estrógeno, por isso é raro acometer os homens. Nas portadoras de lipedema, os receptores de estrógeno Beta, responsáveis por armazenar gordura, são “super-ativados”. Por isso é fácil acumular e difícil de perder a gordura armazenada. Dieta, exercícios e até cirurgia bariátrica não reduzem a gordura lipedematosa.

A lipoaspiração é a forma mais eficaz de reduzir a gordura doente e melhorar a qualidade de vida da paciente.

O lipedema é frequentemente associado à obesidade, ao hipotireoidismo e à doenças vasculares (varizes, linfedema).

Apesar de ser uma doença inflamatória, crônica, progressiva e não ter cura, o lipedema pode ser controlado, estabilizado, amenizado, proporcionando uma melhora da qualidade de vida da portadora.

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CAUSAS DO LIPEDEMA

O lipedema é uma doença genética, tendo padrão autossômico dominante e apresentando acometimento familiar em 60% dos casos.

Os principais fatores de gatilho e progressão são os hormônios estrogênios e dietas inflamatórias.

Na infância não há lipedema, visto que a criança não produz estrógenos em quantidades significativas. É comum o lipedema se manifestar a partir da adolescência, quando na puberdade as meninas apresentam uma grande produção de estrogênios, com aumento das mamas, pelos e desenvolvimento da região genital. Outras fases de grande desenvolvimento do lipedema por causa hormonal são: gravidez, uso de anticoncepcionais hormonais (pílulas, implantes, injeções anticoncepcionais), menopausa e reposição hormonal.

Alimentos industrializados, ultraprocessados, com conservantes, condimentados, embutidos são muito prejudiciais às pacientes com lipedema. Eles geram um aumento da inflamação, progressão da doença, com acúmulo de gordura e agravamento dos sintomas. Outros alimentos prejudiciais são os carboidratos refinados, açúcares, álcool, sal.

Este tipo de alimentação aumenta a inflamação, acúmulo de gordura, retenção de líquido e inchaço, com desenvolvimento posterior de fibrose, potencializado o agravamento da doença.

DIAGNÓSTICO DO LIPEDEMA

Acúmulo doloroso de gordura desproporcional nas pernas e braços são os principais sinais do lipedema. A gordura costuma ser nodular, irregular, algumas vezes endurecida. A dor na gordura, sensibilidade da pele, inchaço, sensação de peso, formigamento, aumento dos vasinhos e facilidade de sangramento (roxidão) são sintomas comuns referidos pelas pacientes portadoras de lipedema.

A progressão da doença para os estágios mais avançados é acompanhada pelo agravamento dos sintomas e do acúmulo de gordura, levando progressivamente a distorções anatômicas como flacidez e dobras da pele, curvatura do joelho para dentro (geno valgo) e os pés rodados internamente. Estas alterações ortopédicas somadas ao aumento do peso das pernas levam à artrose do joelho e dificuldade de movimentação. A fragilidade ligamentar presente no lipedema, facilita torções articulares do joelho e tornozelos.

A musculatura também é afetada pelo lipedema, que devido à inflamação da fáscia (camada de tecido que envolve a musculatura) e sofre atrofia (redução do volume e força muscular).

Portanto, o lipedema é uma doença muito mais abrangente do que o simples acometimento da gordura, podendo gerar grandes transtornos às pacientes, com sintomas de dor, dificuldade de movimentação e redução da qualidade de vida.

SINTOMAS DO LIPEDEMA

Não há exame que feche o diagnóstico de lipedema, apesar de haver exames que auxiliam no diagnóstico. A clínica de gordura desproporcional nos membros inferiores (quadril e pernas) ou braços, gordura dolorosa, nodular e firme, aumento da sensibilidade, facilidade de sangramento (hematomas), ausência de gordura nas mãos e pés, histórico de aumento da gordura depois da puberdade, gravidez ou uso de hormônios, presença de casos semelhantes na família, são algumas das características que agrupadas fecham o diagnostico. Logo, o diagnóstico é eminentemente clínico.

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DIFERENÇAS ENTRE LIPEDEMA E OBESIDADE

Apesar de haver uma concomitância de lipedema e obesidade em torno de 50% dos casos, há características que diferenciam as duas doenças.

Ao contrário da obesidade, o lipedema não acomete o tronco (tórax e abdômen), nem as mãos e pés. Pode haver um sinal do torniquete no tornozelo, deixando um desnivelamento nesta região. Também diferentemente da gordura da obesidade, a gordura do lipedema não reduz com dieta, exercícios nem cirurgia bariátrica. A gordura do lipedema é dolorosa, endurecida e nodular, o que não acontece na obesidade. Os estágios avançados do lipedema causam alterações nas articulações, como joelho e pés, que viram para dentro (geno valgo), assim como atrofia dos músculos. Estas alterações ortopédicas não ocorrem na obesidade.

LIPEDEMA

OBESIDADE

TIPOS DE LIPEDEMA

O lipedema é classificado em 5 tipos, conforme as regiões acometidas.

TIPO 1 : quadril
TIPO 2: quadril, coxas e joelhos
TIPO 3: quadril, coxas e pernas até o tornozelo
TIPO 4: braços
TIPO 5: apenas as pernas abaixo do joelho

ESTÁGIOS DO LIPEDEMA

Os estágios do lipedema classificam a gravidade da doença.

Estágio 1: a pele é normal, lisa, mas o tecido adiposo é espessado, apresentando pequenos nódulos e a área pode doer e causar hematomas facilmente.

Estágio 2: A pele é levemente endurecida e irregular. A gordura tem um padrão nitidamente nodular, indicando fibrose sob a pele. A dor é frequente, hematomas comuns.

Estágio 3: A gordura é volumosa, endurecida, muito nodular, passando a apresentar deformidades, excesso de pele e dobras. Além da dor, são frequentes hematomas.

Estágio 4: Também conhecido como lipolinfedema, é um estágio avançado em que o sistema linfático é comprometido, havendo associação com linfedema (líquido acumulado não somente dentro dos tecidos, mas entre eles). Grande acumulo de gordura, fibrose e irregularidades, distorções das pernas, joelhos e pés são comuns.

TRATAMENTO CLÍNICO DO LIPEDEMA

O tratamento clínico do lipedema necessita de uma equipe multidisciplinar, visto ser uma doença de múltiplos fatores e que acomete o corpo todo.

Endocrinologista: Devido à grande influencia hormonal, o endocrinologista é o médico ideal para fazer o acompanhamento clínico do paciente portador de lipedema por toda vida. A avaliação do perfil hormonal (estrógeno, progesterona, testosterona, hormônios da tireoide, cortisol, outros), adequação de terapia anti-inflamatória com suplementos e vitaminas, avaliação clínica geral.

Nutricionista: A alimentação influencia diretamente no lipedema, podendo ajudar no controle da inflamação ou agravá-lo. O nutricionista poderá orientar e adequar uma alimentação para cada paciente, levando em conta suas necessidades e predileções.

Cirurgião Vascular: Devido ser comum a associação do lipedema com doenças vasculares, telangiectasias (vasinhos), varizes, linfedema, o cirurgião vascular deve ser consultado para excluir tais alterações ou se presentas, tratá-las antes da lipoaspiração. O uso de meias compressivas e mecanismos de compressão pneumáticas são muito benéficos para o portador de lipedema, podendo o vascular indicar o melhor para cada paciente dependendo do tipo e estágio do lipedema.

Fisioterapeuta: A drenagem linfática manual e o uso de aparelhos para aprimorar a drenagem linfática, reduzir a retenção de líquido e consequente inchaço, assim como a redução da inflamação é da expertise do fisioterapeuta. Ele também pode orientar sobre uso da meia compressiva e compressores pneumáticos. A fisioterapia é importante em todos os estágios do lipedema, durante o período de tratamento clínico anti-inflamatório e depois da cirurgia de lipoaspiração.

Nutrólogo: É uma especialidade que abrange a endocrinologia e a nutrição.

Psicólogo: A incompreensão de quase todo mundo sobre o que é o lipedema, frequentemente causa distúrbios emocionais como ansiedade, depressão, baixa autoestima. A sensação de ser vista como “diferente”, “gorda”, “preguiçosa”, não compreender por que com tanto esforço para emagrecer as pernas e braços não perdem gordura é cansativo e desgastante. Ao descobrir que é portadora de lipedema há uma mistura de alívio (saber que há tratamento), mas tristeza por ser portadora de uma doença. O acompanhamento psicológico é muito importante tanto para a aceitação do lipedema, quanto para a adesão ao tratamento e também durante a fase da cirurgia, que pode gerar muita ansiedade e apreensão.

Cirurgião Plástico: O cirurgião plástico costuma ser o último a entrar no tratamento, depois da paciente estar desinflamada e clinicamente apta para a cirurgia. Ele é o responsável por retirar a gordura doente, causadora de tantos problemas.

TRATAMENTO CIRÚRGICO DO LIPEDEMA

A lipoaspiração é um tratamento eficaz para a redução da gordura doente. Sua retirada reduz o peso e a carga sobre os joelhos e tornozelos, proporciona uma melhor circulação sanguínea e linfática, reduz a dor e o inchaço, facilita a mobilidade e realização de exercícios físicos, facilita usar roupas mais justas.

É uma cirurgia reparadora, TUSS 30101190, que visa a maior redução possível do volume de gordura patológica e costuma ser muito volumosa. É comum a lipo de 5, 6, 7 litros. Por ser uma cirurgia de grande porte, não é comum associar a outras cirurgias plásticas. Muitas vezes são necessárias mais de uma cirurgia, seja para retirar mais gordura (que o limite de segurança não permitiu tirar mais na primeira cirurgia), seja para tratamento da flacidez resultante da lipoaspiração, seja para melhorar o resultado.

A lipoaspiração, se realizada durante a fase inflamatória, tem maior risco de sangramento, seroma, trombose e certamente mais dor pós-operatória. Para maior segurança e melhores resultados, a paciente deve passar pelo tratamento clínico antes, para desinflamar, fazer uma triagem clínica hormonal e se preparar para a cirurgia.

É comum o uso de tecnologias como o vibrolipoaspirador, Vaser (lipo ultrassônica), Laser, Renuvion, Agoplasma, Morpheus) para minimizar o trauma cirúrgico e/ou potencializar a retração da pele, aumentando a segurança e aprimorando o resultado.

Nos casos em que há grande flacidez de pele, a retirada de pele (dermolipectomia) pode ser necessária já na primeira cirurgia ou depois de realizar a primeira lipoaspiração. Os braços e a parte interna da coxa são áreas frequentes de flacidez. A retirada de pele deixa cicatrizes proporcionais à quantidade de flacidez e de pele retirada.

No pós-operatório a presença de fisioterapeuta é constante. As drenagens linfáticas são frequentes, assim como a orientação do tipo de curativo compressivo a ser usado em cada fase de cicatrização. O tempo adequado de repouso para a recuperação de uma cirurgia de lipedema é de ao menos um mês. Depois de um mês geralmente se inicia os exercícios aos poucos. O uso de cintas compressivas pode ser indicado por até 3 meses, dependendo do caso. Resultado final da cirurgia ocorre depois de um ano. Em caso de nova cirurgia na mesma região, é indicado esperar um ano entre as cirurgias.

Por tudo isso exposto acima, a escolha de uma equipe multidisciplinar especializada é fundamental para um melhor manejo da paciente com lipedema, proporcionando um tratamento completo, seguro e eficaz.

 

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